Rompendo com a Religiosidade, Amarrados em Cristo

domingo, 25 de setembro de 2011

>> [Artigo] Cabe ao cristão julgar?



Por: RedGabriel.


Vamos começar este artigo destrinchando o significado da palavra “julgar”:


Etimologicamente:

Vem do Latim JUDICARE, “julgar”, formado por JUS, “lei, direito”, mais DICERE, “dizer, falar”.


Segundo o dicionário da língua portuguesa:

v.t. Decidir um litígio na qualidade de juiz ou árbitro: julgar um processo.

Pensar, supor: julgou necessário protestar.

Avaliar, emitir opinião, formular um juízo: julgar uma pessoa pela aparência.

Reputar, considerar: julgo-o bastante competente.

V.pr. Ter-se por, considerar-se.


Creio que o amigo leitor já deve ter ouvido “tome juízo” da boca de algum ente mais velho ao menos uma vez na vida. O significado destas palavras é claro, analise tudo a sua volta e retenha o que é bom, não se destrua, não beba veneno, não coma cocô...


Mas infelizmente muitos cristãos têm interpretado erroneamente tais conceitos de julgamento, tem se prendido em frases de efeito que são impostas no seu dia a dia. A igreja evangélica tem deturpado a autonomia do cristão utilizando-se da má compreensão Bíblica, deixando de lado algumas bases para qualquer indivíduo que deseja chamar-se “filho de Deus”, “irmão de Cristo”, “cristão” ou até mesmo “humano”: O Amor e a Verdade que se completam formando a vida cristâ: "O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". (1 Co 13:6). Como ter Amor e Verdade sem conhecer a justiça? Sem saber o que é o que?


Vamos analisar algumas passagens Bíblicas(*)

“Não julgueis, para que não sejais julgados.” Mateus 7:1


Esta é a frase que alguns “líderes de cabeça” usam como escudo para suas atrocidades e seu totalitarismo. Porém a Bíblia não proíbe o julgamento “emitir opinião”, o livre arbítrio dado por Deus é uma expressão deste fato.Para o exemplo Bíblico acima devemos entender que o versículo 1 por si mesmo não nos dá uma resposta para este paradigma. Por isso aplica-se uma regra fundamental para poder interpretar a Bíblia. Analisar sempre o contexto da passagem citada para poder saber de que se trata a mesma, pois sabemos que texto fora de contexto é um pré-texto para formar até mesmo uma heresia.


Para saber que tipo de julgamento Jesus proíbe nesta passagem vamos analisar o contexto:

“Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” Mt 7:2-5


Analisando o contexto podemos ver claramente que JESUS proíbe especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no versículo 1 que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual eles não devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o mesmo padrão que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignorar seus próprios pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto é julgar com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente.


Não é hipócrita condenar o irmão por uma pequena falta, ou mesmo tentar ajudá-lo a sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de uma falta maior? Esta é a grande questão que JESUS estava colocando diante do povo nesta passagem.


Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não proíbe todo julgamento e intolerância, mas somente o julgamento e intolerância hipócrita. De fato, ele requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos próprios pecados, condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se voltar dele.


“tira primeiro a trave do teu olho”, diz Jesus, “e então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Mt 7:5


Jesus ordena uma intolerância genuína, e não hipócrita, do pecado que o irmão comete.


Outra passagem bastante utilizada é João 8:7-11. O contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de adultério e trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus diz aos escribas e fariseus:

“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”.

No versículo 11 ele fala para a mulher:

“Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”. Os defensores da tolerância usam estas palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas, pois não é melhor que elas.


Entenda-se por hora que, quando alguém julga, ela dá um veredicto: Culpado ou inocente, certo ou errado. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A pessoa culpada é condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é liberta. O ponto é que julgar e condenar são duas coisas distintas, relacionadas, mas não idênticas.


Tendo isso em mente, note que Jesus de fato julga esta mulher, mas não a condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques mais”, Jesus indica que ela tinha pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus estava correta, e Jesus julgou o pecado como sendo pecado.


Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa! Seguindo o exemplo de Jesus, devemos dizer aos pecadores que mostrem arrependimento genuíno não mais cometendo pecado.


Embora Jesus tenha julgado a mulher, ele não a condenou. Ela pode ir embora: ela não foi executada. O evangelho para o pecador penitente é:


“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Rm 8:1


Esta é a mensagem que Jesus dá à mulher; o próprio Jesus foi condenado por ela! Ele suportou o castigo que lhe era devido, para que ela pudesse ser livre!


A resposta de Jesus aos fariseus expõe o julgamento hipócrita deles no assunto (o propósito primário deles, certamente, não tinha nada a ver com a mulher; era pegar Jesus em suas próprias palavras. Todavia, Jesus sabia que os fariseus se orgulhavam da justiça própria deles, e respondeu à luz deste fato).


Os fariseus, Jesus Recorda-os, também eram culpados de pecado, e especificamente de adultério, quer físico ou no coração. Porque também não eram livres de pecado, também eram dignos de morte como ela. Assim, ao desejar saber que julgamento ela deveria ter recebido, eles revelaram sua própria hipocrisia e motivação errônea.


João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar os que pecam. O versículo 11 diz que devemos desejar o arrependimento do pecador; o versículo 7 nos ensina que não devemos fazer isso com hipocrisia, nem com motivos errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não quer dizer que nunca devemos considerar as pessoas responsáveis por seus pecados (isto é, julgar o pecado como sendo pecado).


Agora gostaria de colocar as passagens Bíblicas que nos ordenam julgar.


“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”.João 7:24


Outras passagens na Escritura nos ordenam positivamente a julgar. Uma passagem que nos diz isso claramente é esta citada acima. Ela se encontra no contexto da discussão de Jesus com os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no acusado de ter um diabo (Jo 7:20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem (Jo 5:1-16). A eles Jesus diz: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. Ao dizer “não julgueis”, Jesus não pretende proibir o julgamento como tal, mas proibir certo tipo de julgamento, como a parte positiva deste versículo deixa claro. Podemos julgar, mas quando o fizermos, devemos julgar justamente.


O julgamento exterior e superficial – isto é, julgar simplesmente sobre base do que parece ser o caso, sem conhecer todos os fatos – é um julgamento imprudente, injusto e sem discernimento, que é contrário ao nono mandamento da lei de Deus. Deus odeia tal julgamento. O Julgamento justo é feito usando a lei de Deus como o padrão pelo qual discernimos se o que parece ser é o caso é realmente o caso.


1 Co 5


1 Coríntios 5 é um capítulo importante com respeito ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara, sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto que estava vivendo no pecado da fornicação. Seu julgamento foi “seja entregue [tal pessoa] a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Este é um julgamento ousado da sua parte.


Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, quanto ao fato destes estarem, ou não, obedecendo à lei de Deus.


Aqueles que alegam ser cristãos e são membros do corpo de Cristo, mas que esboçam atitudes que não condizem nem 1% com aquilo que o Mestre deixou (v. 9-10), deveriam ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impertinentes!


Outras passagens


Outras passagens também indicam que é nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Jesus repreende os escribas e fariseus em Mateus 23:23 e Lucas 11:23, dizendo:


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém fazer essas coisas e não omitir aquelas”.


Era o dever deles, de acordo com a lei, julgar – mas eles tinham falhado neste dever. Paulo orou para que o amor dos irmãos filipenses “aumentasse mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção”. (Fl 1:9). Ele diz aos de Corintos: “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo”. (1 Co 1:15).


Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles também são obrigados a provar se os espíritos são de Deus: "Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora." (1 Jo 4:1)


Mesmo nas reuniões cristãs eles devem "julgar" o que ouvem: "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." (1 Co 14:29).


Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma pessoa alicerçada na verdadeira fé (2 Jo 10,11). E um anátema (maldição) deve ser proferido contra aqueles que apresentarem um tipo diferente de evangelho (Gl 1:9).


Conclusão


Algumas passagens da Escritura parecem proibir o julgamento, enquanto outras claramente exigem isso. Estudando os contextos daquelas que parecem proibir o julgamento, descobre-se que o que é proibido não é realmente o julgamento em si, mas sim um tipo errôneo de julgamento, o julgar fora do contexto, observando apenas os aspectos superficiais, julgar um copo furado sendo um copo sem fundo. Deus odeia o julgamento hipócrita! Mas Deus ama o julgamento justo e que trás crescimento e fortificação para o caráter dos Seus filhos.


Portanto, é dever de todo Cristão julgar!


“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl 6:1


“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3



(*)Esta parte do artigo teve base em “Devemos julgar?” extraído de:

http://www.genizahvirtual.com/2009/07/devemos-julgar.html

RedGabriel não é anjo e nem é vermelho,

é professor e reclama o dia inteiro,

toca um som mais não canta no banheiro.


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